18 de abril de 2008

Com vocês... Skatalites em Brasília!

Skatalites emociona o público e conta em entrevista ao Rrruído a importância dos ritmos jamaicanos

A banda pioneira do ska pisou em Brasília no último final de semana. Um show com direito a performances super animadas e exclusivas do quarteto de metais, antigos sucessos como "Sugar Sugar" e "Phoenix City" e lançamento do DVD gravado ano passado em São Paulo. A apresentação completa emocionou os fãs brasilienses de ska, que jamais imaginavam a cidade dentro da rota das apresentações do Skatalites.

Vin Gordon, trombonista que ocupa o lugar que um dia foi de Don Drummond, formou o par perfeito com Kevin Bachelor, trompetista. Apesar de recentes na banda, desde 2004, já se sentem completamente em casa. O entrosamento musical dos dois era visível no próprio corpo deles, através das danças descontraídas e envolventes. Kevin arriscou um "Tudo bem?" e sempre vinha animar a platéia com aqueles "ies ios" típicos da batida reggae.

Os três Skatalites originais tiraram o fôlego do público. Doreen Shaffer com aquele vozeirão que mistura delicadeza, Lloyd Knibb e sua seriedade na bateria e Lester Sterling, o saxofonista mais simpático do mundo. "O show todo foi o auge! foi todo sensacional", exclama Arthur, 21, que também compara o som da banda como tomar um suco de cupuaçu numa tarde de sol, numa cadeira de praia, com os pés na piscina, lendo as tirinhas do jornal, ou seja, não tem como dar errado.

Formada em 1964, a banda criou o ska e desde então muitos outros ritmos foram incorporados ao estilo, produzindo novos sons. Em 1970 nasceu na Inglaterra o segundo gênero do ska, o 2 Tone. Foi uma fusão do ritmo jamaicano com punk rock. A terceira fase do ska foi nos Estados Unidos, em 1980. Inspirados na Era 2 Tone, incrementaram a fusão de sons e criaram o ska-core.

Doreen Shaffer diz que esse caminho que o ska seguiu, de junção com outros ritmos, aconteceu porque ele se espalhou pelo mundo. Ela se orgulha ao ver que o Ska, som genuinamente jamaicano, tornou-se internacional.

Quando os Skatalites começaram a compor não havia lei de direitos autorais. Então várias bandas pegaram a base da música deles. É por isso que as suas músicas dão aquela impressão de "Eu já ouvi isso em algum lugar", mesmo sem nunca ter escutado a banda. "Todos querem um pedaço do Skatalites" justifica Doreen Shaffer. E afirma ser uma sensação maravilhosa ver que a música deles serve de inspiração para várias composições.

Doreen também ama o samba e o merengue, gosta de ritmos latinos em geral. A identidade cultural do samba tem a ver com o meio de criação do ska. Talvez as raízes africanas de ambos reflitam na grande admiração e aceitação dos jamaicanos pelo som brasileiro.

Fez parte da primeira formação dos Skatalites, Don Drummond, considerado pelo pianista George Shearing, entre os top 5 maiores trombonistas do mundo. A primeira vez que o Skatalites terminou foi no mesmo ano de prisão do trombonista, acusado de matar a sua namorada. Há hipótese de que a banda tivesse parado por conta do afastamento de Don Drummond, mas Doreen nega e disse que havia outros fatores, porém não quis explicar explicitamente quais seriam.

De qualquer forma o interessante é notar o sentimento "Peace and Love" da banda, e que a todo minuto eles gostavam de frisar. Não receber royalty pelas composições ou misturar o ritmo que eles criaram com sons completamente opostos, ao invés de os tirarem do sério, os orgulham. O que importa é difundir a música jamaicana!

Agradecimentos ao Barata, do Criolina, e ao Ken, tecladista do Skatalites, pelo apoio!

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